Glória Teixeira

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Glória Teixeira (Doutoramento QMC/Universidade de Londres) é Professora Associada da Faculdade de Direito da Universidade do Porto.


Participei na semana passada na qualidade de observadora nos trabalhos de um grupo de trabalho da Organização Mundial das Alfândegas (WCO), dedicado este ano (2021) à integridade, e não poderia deixar de partilhar a experiência das ‘boas práticas’ da administração fiscal da Nova Zelândia.

Pude verificar que a prossecução de integridade e eficiência nos serviços públicos e privados passa pela combinação de vários fatores, tanto do ponto de vista do trabalhador como da entidade patronal.

Sumariamente, as entidades patronais devem no século XXI oferecer flexibilidade no trabalho e procurar ter uma imagem atrativa para o seu ‘staff’.

A importância da segurança no trabalho é também fundamental em combinação com oportunidades de promoção na carreira ou oportunidade de aprender novas competências ou conhecimentos.

As organizações mais produtivas e eficientes valorizam muito os seus trabalhadores mais antigos e com larga experiência da organização pois contribuem para a transferência de conhecimento e sabedoria aos trabalhadores mais jovens. Constatei que este aspeto é fundamental e muito valorizado nas empresas e organizações que têm também uma boa imagem junto dos seus trabalhadores e sociedade em geral.

Verifica-se que a monotonia no trabalho deve ser evitada, dando-se aos trabalhadores a possibilidade de desenvolver tarefas variadas, assentes em expetativas claras e em comunicação com as chefias respetivas.

Por outro lado, espera-se dos trabalhadores lealdade, confiança, comportamento íntegro e esforço na prossecução dos objetivos da organização.

Este compromisso deve assentar também em canais de comunicação, de preferência orais.

Pude constatar também que as violações da integridade e empenhamento nas organizações resultam do não alinhamento entre os valores da organização e os valores dos trabalhadores.

Desta forma, as organizações mais eficientes e íntegras têm a preocupação de estabelecer boas práticas ao nível dos objetivos e procedimentos, nomeadamente através da elaboração de manuais e guias com atualização permanente, promovendo condutas éticas com recurso a uma formação interativa contínua.

Esta formação interativa contínua dá a possibilidade aos trabalhadores para ‘speak up’ e evidenciar os assuntos ou questões que consideram relevantes e simultaneamente tomar conhecimento de más práticas nas organizações.

Através do recurso frequente a inquéritos e reporte regular às respetivas chefias, facilita-se a comunicação e passagem da mensagem de integridade nas organizações.

A mensagem transmitida pela administração aduaneira da Nova Zelândia ilustra claramente a importância das boas práticas nas organizações:

“We are here to protect and promote New Zealand across borders”;

“We do what´s right”;

“We are guardians”;

“We value people”;

“We are kind and have a history of doing the right thing”.

Até breve!