Nuno Camarneiro
Nuno Camarneiro é doutorado em Ciência Aplicada ao Património pela Universidade de Florença e Professor na Universidade Portucalense. Em 2011 publicou o primeiro romance, No Meu Peito Não Cabem Pássaros (link), muito elogiado pela crítica e publicado também no Brasil e em França. O que Veem as Estrelas é o seu segundo livro infantil e o mote para uma conversa com Sara Wunderly Gomes, editora no Grupo Almedina.
Ao ler O Que Veem As Estrelas é inevitável pensar em Ciência, mas também em Literatura. Como perspetivas esta associação?
Sempre pensei nas duas disciplinas como irmãs e como manifestações da mesma curiosidade que me leva a querer saber mais de tudo. A ciência ensina-nos a compreender o mundo, os fenómenos físicos, as estrelas e também os átomos; já a literatura ajuda-nos a sabermos mais de nós, do que somos, do que queremos e porque sonhamos com o que sonhamos.
E para os leitores mais novos, a quem se dirige este livro, é fácil escrever?
É exigente, porque nos obriga a tentar pensar como uma criança, o que é muito difícil. A escrita para crianças convida-nos a recuperar uma liberdade de pensamento que vamos perdendo com a idade, é esse o seu fascínio. Dar olhos e pernas às nuvens, pôr os sapatos e as formigas a sonhar, fazer seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço, como dizia a rainha da Alice no País das Maravilhas.
Olhando para os índices de leitura e a concorrência dos «ecrãs», como vês o teu papel enquanto escritor, nomeadamente de livros infantis?
É um lugar de resistência contra o fascínio pela novidade. Os ecrãs são ótimos e permitem-nos fazer milhares de coisas que antes não podíamos, mas são também viciantes, dispersivos e vão-nos roubando a capacidade de concentração e reflexão. A escrita e a leitura são hoje mais importantes do que algumas vez foram, porque desenvolvem nas crianças capacidades que serão fulcrais na vida adulta e que, sem essa leitura, sem esse tempo, ficarão para sempre atrofiadas.
O que te move quando escreves para os mais novos?
A curiosidade, o jogo, o humor, a liberdade imensa que infância evoca e pratica.
Que reações esperas, ou gostarias de ter, dos teus leitores mais novos, que vão ler O Que Veem As Estrelas?
Assim que for possível visitar escolas e contactar de perto com os meus leitores mais novos quero saber o que pensam, o que os faz rir e pensar, quero descobrir que livros eles escrevem nas suas cabeças depois de lerem o meu.