Luís Rasquilha é publicitário, marketeer, gestor, consultor, coolhunter, professor e autor. Ao longo do seu percurso, foi professor convidado em Portugal, França, Bélgica, Holanda e Brasil. Português, mora no Brasil desde 2011 onde é CEO da Inova Consulting e da Inova Business School.


Qual o papel dos livros na sua vida?

Desde que sei ler eles fazem parte. Agora, com o mundo digital, mais ainda porque fica mais fácil transportar e acessar os conteúdos. Como professor os livros técnicos são parte indissociável da minha vida. O maior desafio é conseguir encontrar espaço em casa para acomodar todos. Tenho livros em casa, no escritório, na casa da mãe, etc. Mas mais do que ler também gosto de escrever e publicar. Já tenho como autor e coautor 20 livros publicados, alguns pela Almedina.

Qual é o livro da sua vida?

Cada fase da vida pode ser conectada a algum livro. Há muito anos (20 por aí) um livro que me marcou bastante pela realidade dos factos foi O Vigarista, do Rodrigo Moita de Deus, cujo título descreve na perfeição boa parte da sociedade portuguesa. Infelizmente esse livro era e é um retrato fiel da realidade empresarial.

Não posso deixar de referenciar os meus livros publicados, porque de alguma forma me ajudaram a crescer pelo estudo e elaboração.

As obras do Prof. Clayton Christensen sobre Inovação foram também muito impactantes pois é a área onde atuo para além de ter a sorte de ter sido aluno dele. A forma como ele estruturou o tema e o legado que nos deixou são fundamentais para todos aqueles que querem levar a inovação para suas empresas e carreiras. Em O Dilema da Inovação Christensen considera a questão de quanto a inovação deve ser incremental ou disruptiva e de como balançar estas duas vertentes essenciais. Outra ideia crucial da visão do Prof. Clayton é que a Inovação deve sempre começar do cliente e vir para a empresa e não o contrário. Entender as motivações e dores dos clientes será sempre a base de construção de ideias verdadeiramente inovadoras. Quando pensamos em inovação não podemos isolar a mesma da estratégia. Defende-se a inovação estratégica como eixo importante da gestão, uma ideia que com o Prof. Clayton ganhou bastante relevância ao longo dos anos.

Que livro mudou o seu ponto de vista sobre determinado assunto?

O livro Gestão de Plataformas do Prof. Geoffrey Parker recentemente mudou algumas perspectivas sobre estratégia e transformação dos negócios. É uma obra bastante adequada ao momento do mundo e à evolução dos negócios.

A gestão de plataformas representa hoje um dos eixos mais relevantes nos negócios. Uma plataforma é um elo de ligação pois não estamos sozinhos nos mercados. Quando se pensa em plataforma já imediatamente falamos de Airbnb ou Uber, pois são elos de conexão entre quem tem algo a vender e algo a comprar. Mas uma plataforma deve sempre considerar a tecnologia, as regras de governança e as propostas de valor que fazem as pessoas se ligarem nelas. Já não estamos apenas num mundo de negócios tradicionais e pipelines e cadeias de valor, mas em negócios de plataformas onde diversos players se unem para melhor prestarem os seus serviços e fidelizarem seus clientes.

Que livros está a escrever neste momento?

Atualmente estou a escrever dois livros – “Transformação Digital” e “Ambidestria Corporativa, A Jornada de Transformação”. São dois temas críticos e indissociáveis.

Transformação Digital – Não vejo que empresas que não façam a sua transformação digital possam sobreviver no contexto de mercado atual. Este livro apresenta os conceitos e formas da transformação digital, passando pelas tecnologias mais importantes, pela relação entre humanos e máquinas e pela complexidade de formar e estruturar o upskillling dos colaboradores.

Ambidestria Corporativa – Versa sobre a dificuldade de transição entre modelos atuais e futuros da gestão, considerando que as empresas precisam de manter um olho nos negócios atuais e outro em eventuais negócios futuros que poderão ser a base da empresa.

Quais as suas fontes de inspiração para escrever Viagem ao Futuro: A verdade sobre a prospectiva e o foresight?

Como a Inova tem uma área muito forte de research as principais fontes foram os conteúdos de dentro de casa. Também há muitas fontes boas sendo publicadas por diversas empresas de research, consultoria, universidades, etc. que dão um bom sumo para os conteúdos, mas sem dúvida que as maiores fontes foram as internas da Inova e os diversos projetos realizados sobre cenários e tendências para os clientes da divisão de consultoria.

Temos aplicado as nossas metodologias em áreas tão diferentes como banca, seguros, retalho, tecnologia, educação, mobilidade, entretenimento, farmacêutica, saúde e medicina, etc. E em todos temos visto a elevada eficácia da abordagem de futuro no apoio às decisões estratégicas seja pela redução de incerteza sobre o futuro seja pela assertividade das decisões. E o nível de acerto das previsões ronda hoje 96% ou seja 96% do que conseguimos mapear concretizam-se no período de tempo definido. Independentemente da área de negócio ou tipo de empresa. Acredito que as empresas que querem estar preparadas para o futuro precisam sempre de adotar uma atitude prospectiva e o fazer um mapeamento de tendências como apoio de gestão.

Como é que o atual clima de instabilidade afeta a capacidade de identificar e mapear as tendências e mentalidades emergentes do consumidor que discute no seu livro Coolhunting e Pesquisa de Tendências?

As tendências são um espelho da realidade presente e futura e por isso que é tão importante olhar para elas a fim e entender a dinâmica dos mercados. A velocidade de mudança altera também as intensidades das tendências, mas não a capacidade de identificá-las.