Mário Ceitil
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Mário Ceitil é uma das referências em Portugal quando se fala de gestão de pessoas e Recursos Humanos. Ex-Managing Partner da CEGOC, conta também com experiência como docente no ensino superior no ISG, Universidade Lusófona e INDEG-ISCTE. Atuou ainda como coordenador da Escola de Coaching Executivo da Cegoc. Hoje é presidente da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas (APG), Mário Ceitil tirou algum tempo para falar de livros com a CEO Store.
1 – Qual o papel que os livros têm na sua vida? Para além das leituras que faz no âmbito do seu trabalho, lê outro tipo de livros também?
Desde que me conheço que os livros constituem parte essencial do meu mundo. Comecei a ler desde muito cedo e a leitura, a visualização e o contacto com os livros continuam a ser algo de indispensável não só para o meu bem-estar como ainda para a manutenção de índices que creio aceitáveis de saúde mental. Por outro lado os livros são também uma fonte de inspiração e cada livro, em concreto, sobretudo “aquele” que ainda não consegui ler, encerra sempre uma promessa de maravilhamento e um razoável nível no índice IPA (Indicador Potencial de Aventura).
Quanto ao género, leio muita ficção, possivelmente até em maiores quantidades do que livros técnicos e de âmbito profissional. Curiosamente, os livros profissionais de que mais tenho gostado e que mais me têm inspirado, são livros com uma acentuada “componente literária”.
2 – Qual ou quais as áreas da gestão de pessoas que precisam de melhorias mais significativas, considerando o atual estado dessa área da gestão, em Portugal, na Europa e no Mundo? Que livros recomenda que podem ajudar os líderes neste sentido?
A área da Gestão das Pessoas precisa de ser repensada em função dos diversos e complexos problemas que são hoje suscitados pela “4ª Revolução Industrial” e os consequentes processos de “complexificação” e “inteligentização” do mundo do trabalho. Duas das áreas, por exemplo, que têm de ser repensadas, são a Gestão de Desempenho e a Gestão das Carreiras, duas áreas muito críticas cujos paradigmas e modelos atualmente têm de ser profundamente revistos à luz das novas condições sócio laborais. Quanto a recomendações de leitura, há uma gama muito variada de bons livros que abordam as questões da “Disrupção da GRH” e dos desenvolvimentos relacionados com a “Agilidade Organizacional” e que podem (e devem) ser consultados.
3 – Que livros de gestão de pessoas mais vezes recomenda?
Um dos principais é Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes de Stephen Covey e O Homem em Busca de um Sentido de Viktor Frankl que, não sendo especificamente um livro de gestão, constitui, na minha perspetiva, uma leitura obrigatória para todos.
4 – Que livros está a ler neste momento?
Habitualmente leio sempre vários livros em simultâneo, alternando consoante a necessidade (para fins profissionais) e a disposição de momento. Dos dois últimos livros que li, um é um romance que, sendo uma obra amplamente conhecida e de um autor muito quantos se interessam realmente pelos domínios do “fenómeno humano”. popular, eu ainda não tinha lido: Servidão Humana de Somerset Maugham . O outro é um livro sobre Neurociência, uma das minhas “paixões” atuais, com o título O Cérebro Íntimo de Marc Jeannerod.
Neste momento, estou a ler o romance Canguru de D.H. Lawrence, um dos meus autores favoritos, Um Mundo sem Trabalho de Daniel Susskind e o último de Joseph LeDoux, O Cérebro Consciente.
5 – Tem algum livro em fase de preparação?
Sim há um livro que apresenta um conjunto de crónicas que publiquei na revista de RH human sob o título de Grandeza no Dia a Dia.
6 – Qual é a importância dos livros na formação de executivos hoje?
Ao contrário daquilo que se supunha, os livros continuam a constituir uma base essencial não só de divulgação mas também de geração de conhecimento, pela provocação de reflexão e pela paixão que despertam nos leitores. E, respondendo diretamente à questão, claro que são de importância vital para a formação de executivos, população que dá uma importância cada vez maior ao conhecimento. O livro ainda desperta, também nesta população, um efeito de “moda”, sendo frequente ouvirmos os executivos mencionarem e citarem autores e textos dos livros mais recentes e que tiveram maior sucesso. Claro que, muitas vezes, o conhecimento desses livros é muito superficial, do tipo “Ah, esse livro! Já comprei.” Seja como for, o livro é algo a que se dá, ainda, muita importância.
7 – Quais são para si a ideia mais importante que os leitores podem retirar do livro que co-coordenou recentemente, Humanizar as Organizações? Uma das ideias centrais, e que é uma mensagem muito concreta para os novos tempos, é que a perenidade do sucesso nas organizações depende, em grande medida, da adoção de práticas de gestão que visem evocar nas pessoas uma “maior e mais profunda humanidade”. Trata-se, no fundamental, de criar “ciclos virtuosos” entre a gestão das pessoas e a gestão do negócio, exponenciando a capacidade produtiva de ambos os desígnios e consubstanciando uma verdadeira e mais profunda sinergia entre estas dimensões, que tradicionalmente têm andado um pouco de “candeias às avessas”.