Carlos Manuel de Oliveira

Licenciado em Economia, especializado em Economia Europeia (UCP), Marketing Estratégico e Brand Management: PG pela AESE em Direcção de Empresas e Strategic General Management, INSEAD, Fontainebleau. Professor Convidado do IDEFE/ISEG. CEO, “Marketingmania Consulting”, Profissional de marketing desde há 28 anos. Ex-Director Bancário (Direcção de Estudos Económicos, Direcção Internacional e Director de Marketing) e Administrador de Sociedade Financeira (CMO). “Past-President” e Chairman do Board of Directors da EMC, European Marketing Confederation, em Bruxelas (2007-2009). Ex-Presidente da APPM, Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing (2002-2011).

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Vivemos em Portugal, no resto da Europa e em todo o mundo, uma das épocas mais perturbadas da nossa existência, devido ao surto pandémico do coronavírus.

Nestas situações, apesar dos estados de emergência decretados, ou do estado de calamidade presente, as sociedades não podem parar totalmente, sob pena do colapso, tendo de se adaptar às circunstâncias de cada momento.

É natural que as pessoas não possam circular para evitar os contágios. Por isso, as empresas e outras organizações começaram a reduzir a sua actividade ou fechando as suas portas, ou a adoptar processos de teletrabalho.

Circunstâncias exógenas que rodeiam as nossas actividades acabam por acelerar processos, que já se vinham desenvolvendo ao longo do tempo. Há já algumas décadas atrás, quando se começaram a fazer conferências com vídeo, algumas reuniões presenciais começaram sistematicamente a ser substituídas pela utilização destes novos equipamentos.

Como se sabe e já se tem experiência, estão actualmente disponíveis vários instrumentos e técnicas que permitem o trabalho à distância. A limitação ao contacto físico veio facilitar e, em meu entender, com impactos futuros acelerar estes processos de teletrabalho.

Várias empresas e profissionais liberais já praticavam esta modalidade, com efeitos diversos, a nível de custos operativos, reduzindo a necessidade de instalações físicas mais amplas, e mesmo optimizando toda a cadeia de trabalho.

Não é, hoje, necessário que as pessoas para desenvolverem certas actividades, estejam juntas num dado espaço, desde que tenham os instrumentos necessários para o desenvolvimento da sua actividade profissional à distância.

Dizia que, esta situação se vai acentuar no futuro, pelo acelerar da prática actual forçada pelas circunstâncias. Esta nova experiência vai alastrar-se e intensificar-se – como aliás se verifica durante esta crise – a vários ramos da sociedade, como por exemplo ao ensino, devido aos avanços tecnológicos aplicados ao dia-a-dia das empresas e dos cidadãos.

Mas, estarão as empresas preparadas para esta nova forma de trabalhar no futuro?

A eminência do surgimento de factores externos que obrigam a uma solução urgente e imediata – como o caso actual da pandemia do Covid-19 – veio encontrar, a maior parte senão a totalidade das empresas, numa situação não totalmente ideal, identificada num estudo recentemente elaborado pela consultora IDC, Intelligent Digital Workplaces: enabling the future of work.

Foram, neste estudo, identificados os seguintes desafios que as empresas atravessam/têm de atravessar, para serem melhor sucedidas e eficazes:

– Necessidade de apps digitais integradas. Por exemplo, nos EUA os trabalhadores em regime de teletrabalho, têm de usar entre 8 a 10 aplicações para a prossecução das suas tarefas, provocando alterações de contexto, num ambiente de menor produtividade;

– Barreiras de segurança mal implementadas, como também será o caso de plataformas largamente utilizadas, como a Zoom;

– As empresas não atravessaram uma coerente e global transformação digital integrada.

Há, pois, necessidade de um “novo espaço digital inteligente”, em que as pessoas, os dados, os conteúdos, a comunidade da empresa e o contexto, disponham das soluções tecnológicas necessárias para a prossecução efectiva e produtiva, para a realização dos seus trabalhos.

A solução tem de passar pelo acesso universal de um sistema de informação que integre: aplicações, tarefas, dados, informação, comunidade e workgroups, devidamente personalizados em relação a cada função, devidamente envolvidos por uma solução potente de autenticação e segurança. 

É assim que, um processo de transformação evolutiva, mas lenta, que temos vindo a atravessar a nível da transformação digital das organizações, pode ser acelerado pela necessidade evidente de adaptação a uma nova realidade, que ultrapasse a presente crise de carácter excepcional, e se projecte no futuro, dando origem a uma maior actividade, maior produção e mais trabalho.